Diário de bordo- 21 de Junho

As brasas amornam-me os pés, numa carícia quente, que reconforta. O chá fumega, deixa no ar esperanças, de bem estar. O bolo de chocolate olha para mim, tentador...numa afronta às calorias perdidas na caminhada.


Estou numa cabana de montanha, rodeada de pessoas desconhecidas, numa língua desconhecida. Num convívio familiar, partilham jogos, experiências, risos...
Depois de 12 km de caminhada, o conforto da lareira, de uma refeição quente, um ensopado de rena.
Estranhamente tive que deixar as botas à porta mesmo antes de dar entrada e ter direito a quarto. No hall de entrada um mar de botas,sapatos e sapatilhas de todos os tamanhos e feitios... Junto ao corrimão da escada, uma caixa cheia de pantufas e meias de lã para quem quiser. É no mínimo insólito, jantar numa mesa corrida, com pessoas que não conheço de lado  nenhum, todos de meias e pantufas. Estranho, mas ao mesmo tempo acolhedor e confortável. Enfiei umas galinhas gigantes nos pés e deliciei-me com a sopa com natas, vaporosa, e o dito ensopado.

Lá fora o tempo convida... A continuar cá dentro, húmido e frio. Quatro graus quando chegámos, agora menos sem dúvida. Também estranho foi jantar às 18h , chamados por um sino, num país onde está dia pelo menos até à meia noite, nesta altura do ano.. O jantar quase que se converte em almoço e estanho fica ir dormir ainda de dia.


Amanhã esperam-nos 21 km em montanha, e espero que com melhor tempo. Hoje o caminho fez-se à volta do lago, este revolto, com aspirações a mar. Em volta cumes com neve. De ambos os lados da estrada, denso verde, ovelhas em grupos aqui e ali, fogem assustadas à nossa passagem.

Se tenho tempo? Aqui tenho todo o tempo do mundo. Não há televisão, internet, o frenesim do dia a dia. As horas multiplicam-se numa serenidade de que já não tinha lembrança. E continua dia...



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