Almas sensíveis




Ninguém nos perguntou se queríamos ser assim ... nascemos e pronto, cheios de vidas por viver, histórias de nascimento e de morte, de altos e baixos, de mergulhos em profundidade ou viagens espaciais ... sonhamos mais alto, caímos mais. Tudo é intenso, tudo se entranha no nosso ser, com mensagens carregadas de um significado que só nós conseguimos  decifrar, incompreensíveis para quem nos rodeia. 
Almas sensíveis sofrem mais, sentem mais... o coração cai vertiginosamente até ao mais fundo dos buracos negros para depois subir numa explosão de supernova. Nascemos e morremos no mesmo dia vezes sem conta. Amamos intensamente. Damos a alma todos os dias. E todos os dias perdemos um pouco... afundamo-nos em momentos de mágoa imensa e momentos de felicidade, numa dualidade. Porque tudo tem significado. Tudo tem que ser vivido, intensamente. Em cada nota de uma música preferida tange uma corda no mais fundo de nós. Vibra, perpetua-se num prazer que só nós percebemos, desdobra-se em acordes desconhecidos que vão para além do que é audível. Em cada momento de carinho, o toque mantém-se intacto por dias ... como uma memória sensitiva. O arrepio repete-se em cada lembrança. O olhar perpetua-se naquilo que não foi dito. E a felicidade desdobra-se para além do momento. Cada raio de sol perdura numa carícia para além da tempestade. 
Mas o lado negro surge, o lodo emaranha-nos, afunda-nos e prende-nos, torna-se a marcha lenta, o olhar perdido, a sombra persegue-nos. Somos o mais feliz dos amantes e o mais miserável dos poetas. 
E é nesta dualidade, preto ou branco, cor ou nada, que desliza a nossa vida. Numa dualidade de sentimentos e não bipolaridade... mas sempre em intensidade, somos almas sensíveis. 
Numa estranheza rotineira, insinua-se em nós o sofrimento e alegria alheias. Como numa extensão de alma somos a alegria e infelicidade dos outros. Como numa invasão, sem hora marcada, inesperada sobrevivemos ao mundo e ao que nos rodeia. Num emaranhado de sentimentos, angústias que não nos pertencem. Sentimos o mundo intensamente. De todas as formas. Somos almas sensíveis. 


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