Correm os rápidos até ao mar.



Correm os rápidos num emaranhado, num burburinho de espuma branca, cheios de pressa em direção ao mar. Levam tudo na passagem: folhas, ramos, animais, sonhos, vidas, castelos de ar.
Já no mar desaguam... serenos, num leve agitar. Perdem força, pujança, ganham luz, substância, ganham o saber estar, ganham raios de luar!
Tão boa esta agitação, este cantar de quem tem pressa, que quem quer a vida agarrar.
Que bom este bem estar, esta luz, esta calma, este alargar de margens, de vida, este no mar desaguar!
Alexandra


Há dias bons e menos bons. Há dias calmos e agitados. Há fases tranquilas e outras menos. À imagem de um rio, a nossa vida corre em direção ao mar. Há quem goste do burburinho dos rápidos, há quem deseje a foz a todo o custo. A vida não nos avisa da turbulência, corre o seu curso, naturalmente, sem explicações. É neste alternar que se apimenta, ganha sal, ganha cor. É na arte de sobreviver aos rápidos que aprendemos o que ela tem para nos dar.
Foi na tentativa de me deixar levar pelos rápidos sem naufragar que o reiki e a espiritualidade surgiram. É uma necessidade crescente para mim descobrir a essência do que somos e do que podemos fazer com a nossa vida. Estou numa profissão de desgaste rápido, com necessidade de um conhecimento cientifico alargado, que me exige muito em termos intelectuais e humanos. Preciso diariamente de algo que me ajude a encontrar o equilíbrio, que me ajude a manter o curso do rio até ao mar. Neste nosso dia a dia apressado, as nossas angústias perdem-se por resolver, os dilemas esquecem-se por falta de tempo.
Hoje, 9 de março, é o aniversário da morte do mestre Mikao Usui, o fundador do método de reiki.

Pretendo aqui prestar-lhe homenagem e agradecer-lhe por ter mudado, para melhor, a minha vida. É uma terapia energética, mas acima de tudo uma filosofia de vida, baseada em 5 princípios, que lentamente, com a prática, começam a fazer parte do dia a dia. Imiscuem-se com a essência de quem pratica, transformam-se na sua essência. 




Mas quando as margens estreitam e a água ganha velocidade, os princípios por vezes esbatem-se e não os conseguimos por em prática. Nem sempre é fácil manter essa serenidade que quem está consciente no momento presente. Nem sempre é fácil sentir essa bondade e amor incondicional por nós e pelos outros. Nem sempre o nosso melhor é o que desejaríamos. Isso deixa-nos a frustração de uma esperança gorada, num método que achávamos infalível. As nossas falhas têm que ser momentos de aprendizagem, a nossa benevolência deve abranger-nos também. E é por isso que continuo acreditar que todos os dias é dia de recomeçar  e de que estou no caminho certo. 
Espero que cada um de nós encontre no meio do ruído exterior, o silêncio, o espaço e tempo para ouvir a sua própria alma, o seu coração. Que sejamos todos a melhor versão de nós mesmos. Todos os dias. Isso é trabalhar honestamente.

Namasté!




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