A mente



          Hoje a consulta deu-me que pensar. Pela mesma porta, ao longo de uma tarde, entraram pessoas tão diferentes, com posturas tão diversas. Cada um com as suas ansiedades ou medos. A solidão, tão persistente a solidão! A necessidade de falar, o pedido de desculpas no fim " desculpe doutora, tem outros doentes à espera", o depositar nos meus 20 minutos a esperança de resolver as angústias de uma vida. Algumas sem qualquer razão de ser mas tão enraizadas que nunca deixam de ser angústias.Vidas inteiras de recalcamentos mal resolvidos.
         Como a vida pode ser diferente se aprendermos a viver. E como é tão óbvia a relação entre a saúde psíquica, ou a falta dela, e a saúde física. Senti-me impotente, porque sei que não é naquele escasso tempo de consulta esticado ao limite, que um caminho inteiro se reconstrói. Porque nos sinais de doença estão espelhados os vícios de uma mente também doente. Porque as pessoas lutam para ficar à tona da água e não dão conta das pedras que amarram aos pés. Há sintomas que são como pedidos de ajuda. Gritam por atenção.
         Cheguei cansada ao fim. Intrigada com a mente humana que cada vez mais me fascina. Com a esperança que os meus escassos minutos tenham feito a diferença no dia dessas pessoas. E com a convicção  de que não podemos mudar o mundo... mas podemos ajudar.
          Boa noite! Soltem as amarras, deixem ir as pedras, sintam-se levar pela corrente.

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  1. A Lógica da Mente

    Esta vida que teimamos em levar na realidade não tem lógica nenhuma. É através da lógica que os homens mantêm as suas vidas longe do Céu, longe da sua Conexão, da sua espiritualidade. Tudo começa com esse formato mental, arcaico e enraizado. O ser humano é ensinado, formatado para que tudo tenha que ter uma lógica. E uma lógica baseada na mente, na ciência, em factos que podemos provar e comprovar vezes sem fim. E como cada vez vivemos mais distanciados da espiritualidade, essa lógica é cada vez mais dominante em todo o mundo... e em nós próprios.
    Ora bem, vamos começar pelo princípio... Quem nos traz essa lógica é o ego. O ego tem como função dominar, controlar e evitar que nos "deixemos simplesmente ir". O ego é aquela voz na nossa cabeça que fala, fala, fala, no sentido de nos fazer ficar cada vez mais cá em baixo, na matéria. O ego não sonha. O ego não vibra. Quem sonha, quem vibra, é a Alma.
    E porque obedecemos tanto à voz do ego? Porque é uma voz que fala dentro da nossa cabeça. A Alma não fala. A Alma faz -nos sentir.
    E sentir não tem lógica.
    - Não podes fazer isto, não podes fazer aquilo, isso não tem lógica nenhuma!
    Para o ego até as emoções deveriam ter uma lógica.
    - Estás a chorar porquê? Não tens motivo nenhum para estares aí a chorar! Para agora!
    E assim o ego vai-nos "educando", pois vamos acreditando mesmo que na vida tudo tem que ter lógica, e vamos ficando extremamente racionais. Chega uma altura em que o hemisfério direito do cérebro, diretamente ligado ao lúdico, às emoções, começa a diminuir a sua atividade, deixando-nos em desequilíbrio cerebral.
    Ora a vida, essa grande professora, não é racional. Não é científica e não deixa que a provem e comprovem. A vida é baseada em energia, a mesma matéria-prima da nossa Alma. Nós somos feitos de energia, tal como a vida - como felizmente já conseguiu provar a física quântica. E sim, temos uma lógica completamente energética chamada intuição, perceção, Conexão. Somos seres sensoriais. Se autorizarmos esta nova lógica a guiar a nossa vida, num curtíssimo espaço de tempo estaremos tranquilos, felizes e em paz.
    Mas o ego não deixa. Faz-nos acreditar que tudo tem que estar provado e comprovado, definido e esquematizado. Dentro da sua lógica mental. Mesmo quando as evidências são imensas, mesmo quando conseguimos reproduzir uma experiência intuitiva vezes sem conta, fazendo como a ciência exige, o ego entra e argumenta:
    - Carece de provas científicas.
    A vida é energia, e tem outra lógica. Quando começa a perceber que estamos obstinados em fazer vingar este formato egoico-mental, começa a brindar -nos com obstáculos, perdas e retrocessos. E quando vêm as perdas, a voz na cabeça refila:
    - Fizeste pouco, andas a deixar-te ir por essas coisas das energias!
    Tens de te dedicar mais à nossa lógica, como eu te ensinei! Definir objetivos concretos! Nunca desfocar deles! A felicidade só vem depois, quando tiveres cumprido isso tudo a que te propuseste!
    E lá vai a pessoa correr mais um pouco, racionalizar mais um pouco, exigir-se mais um pouco. E a Alma adiada, fica à espera...
    A adoecer por falta de atenção. E mesmo quando as perdas começam a vir a sério, perda de emprego, família, amigos, a voz continua a teimar:
    - É a crise. Não fizeste nada de errado! Continua a correr! Não és feliz? Ninguém é! Corre mais!
    E nós obedecemos. Ficamos doentes, mas obedecemos. Perdemos filhos, relações, mas obedecemos. Acreditamos mesmo que é assim. Até um dia. O tempo passou, o corpo está exausto, a Alma está infeliz. E nós ainda nem sequer nos lembrámos de que podíamos dizer à voz:
    - Cala-te! Não está a dar certo! Essa tua lógica talvez não seja a minha. Tu talvez não sejas eu! Deixa-me fazer as coisas à minha maneira, uma vez na vida!
    É a isso que eu chamo "o fenómeno do despertar". Quando a pessoa ainda não sabe como vai ser, mas já sabe que não pode mais ser assim.
    É aí que começa a verdadeira busca.

    in "Conexão - O que Jesus me ensinou"

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