Dia de chuva



Há algo de palpável na chuva que me escapa à perceção. Como se nas gotas de água se cristalizassem os sonhos de uma vida. Como se chovesse o mundo sobre os ombros, um mundo líquido,  miscível com os nossos desejos. Neste chover de vida me perco... sei lá bem à procura de quê...
No sobressalto de uma tempestade encontro a alma, à minha espera, atenta para me mostrar que o caminho é entre as gotas de chuva, numa dança de sentimentos, de esperanças, de sonhos, perdidos e achados como as carteiras... à espera do dia de sol, em os sonhos se volatilizam em nuvens de anseios, de viagens secretas, de navegares proibidos... Em que vês o mundo de cima, sobranceiro, senhor da verdade. Espreitas lá em baixo os sonhos, materializados... à espera que se desfaçam  novamente em algodão em rama, em névoa marítima de um dia cinzento e tudo recomece...cristalizado nas gotas de chuva que escorrem líquidas sobre os ombros. Miscíveis... com os desejos de verão. 

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