Outono



As folhas caem levando lembranças, de todas as cores... sonhos embalados na sua dança, deslizam em espirais até alcançar o chão, terra ávida de água e de novos sonhos. Numa terra que se renova cada estação, como nós. Sintam o seu pulsar  na mudanças das estações, sintam a urgência de mudança rumo a um novo ciclo. É sempre tempo de recomeçar, é sempre tempo de nos despirmos de todos os medos e preconceitos, largando folhas acobreadas, vermelho fulvo, amarelo velho. Douradas por um sol mais manso, que só acaricia mas não queima.
Com os pés assentes sobre uma camada densa de húmus fértil sinto as minhas raízes partirem dos meus pés em direcção ao centro da terra, ao magma, procurar a energia que tudo move, que  tudo acalenta.
Sinto a firmeza de quem quer ter uma âncora para poder voar. Sinto nas minhas veias uma seiva nova, mais forte, sem o peso de  milhares de folhas decrépitas. Sacudi-me das velhas inquietações, com um estremecer de outono que tudo limpa e liberta. Timidamente e  engrossando as minhas raízes espero as tempestades e os dias de sol. O amanhecer e a noite. Pacientemente trabalho, rumo a um novo estado, a espera de outra estação.
O Outono... tem destas coisas...

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