Passa o tempo... o tempo passa...

O tempo têm-se passado entre noites e dias no hospital. Estamos em mês de férias e quem já foi tem  trabalho dobrado. Assim é naturalmente todos os anos. Apesar de previsível  custa sempre! Os sonos andam trocados por dois turnos de 24 h  semanais.  De dia apetece dormir, de noite andamos de olhos esbugalhados.Mas tendo sido o que escolhemos que remédio senão aguentar estoicamente.
O hospital da Feira anda nas bocas do mundo pelos piores motivos, não há dia que não saia uma manchete nos jornais ou não venha cá um canal televisivo, tentar tirar nabos da púcara. Que há falta de médicos, enfermeiros e auxiliares toda a gente sabe, que andamos todos no limite também ninguém ignora.Há que agora tentar resolver os problemas, e tentar dignificar um pouco o nosso trabalho. A classe médica em particular é um dos bodes expiatórios da comunicação social. Não sei se por um sentimento de inveja contido, por regalias e dinheiros que supostamente ganhamos, a verdade é que o médico,nos dias de hoje, é tratado como ladrão e criminoso. No outro dia, assisti, muda, a uma conversa entre duas senhoras que achavam que éramos uns corruptos e que com subornos, lá nos levavam a  fazer o que queriam. Acho que contive um suspiro e nem sequer tentei contrariar. Porque seria impossível fazê-las entender.
Não me demoro mais neste assunto que me deixa incomodada.
 Pois continuamos em Agosto, mês de férias escolares, as minhas catraias, somam semanas em casa da avó, semana no Algarve com os escuteiros, numa festa constante de praia, piscina e brincadeiras. Esporadicamente lá voltam ao ninho para matar saudades! Apanham-me na noite de ressaca a seguir as 24 h e enfiam-se comigo na cama às 21:30, num relambório de aventuras para contar.
São esses momentos que recarregam as minhas energias. A minha família, a minha casa!
Num destes dias, abri as portadas da minha entrada e deparei-me com esta visão. Às vezes na correria do dia a dia nem valorizamos bem o que temos. Abri as portadas a este quadro, reconciliei-me com o mundo: estava em minha casa!!
E embora o tempo em casa não seja muito, tento aproveitá-lo ao máximo, entre as diversas artes em que me perco. Entre a pintura e a costura...
Uns estojos aqui...
Umas pedrinhas acolá...


Uma incursão em mandalas e Zentangles...
à pintura Folk... ainda em progresso

tento desta forma, libertar as más energias, a preocupação, o peso de uma profissão pesada e não reconhecida.
Numa tentativa de arranjar formas de refugio, andei a vaguear pelo budismo, o feng-shui  e outras matérias que nos conciliam com o que somos e nos ajudam a ser felizes. Não que eu não seja feliz, que sou, mas tem dias que sinto o peso do mundo sobre mim, o meu cérebro dispara em todas as direções e nem durante o sono me deixa sossegada. O meu dia a dia é tão intenso, não encontro muitas vezes o botão " deligar" "off". Apenas temporariamente, de forma apenas a arranjar forças para o dia seguinte. As vezes parece que explodem cogumelos de criatividade na minha cabeça, somam-se projetos, que tento encaixar no pouco tempo que estou em casa.
Mas ao fim ao cabo, no meio desta minha viajem em torno de mim própria, descubro que tenho o mais importante para ser feliz! E que o sou!

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